sábado, 12 de dezembro de 2009

O PAPEL DA ÉTICA NO RH DAS ORGANIZAÇÕES

O papel da ética no RH das organizações

Marcelo Ribeiro Rocha

Muito se tem falado sobre ética atualmente. Parece-me que o assunto é quase uma novidade no mercado; e o pensamento de uma grande maioria é de que se trata apenas de mais um "modismo", uma onda passageira que arrastaria as organizações para um processo de revisão de seus procedimentos internos e externos nos âmbitos social, cultural, de convívio com clientes, fornecedores e acionistas diante de uma crise mundial ora instaurada.

Mero engano. O tema que a princípio parece ser recente e superficial em alguns círculos é mais antigo e profundo do que se imagina. Se levarmos em consideração a origem do termo, "ética" representa mais que a essência do como devemos agir para atingir um objetivo ou uma meta, ou melhor, dentro de quais princípios devemos nortear nossas decisões.

A incansável busca do homem para conseguir sua realização, o seu equilíbrio psicofísico, enfim, ter uma vida virtuosa, vai de encontro a esses conceitos de caráter ético debatidos exaustivamente por grandes filósofos, desde os tempos de Sócrates, há cerca de 400 a.C.. A partir de então, foram surgindo novas correntes filosóficas sobre a ética, porém, sempre dentro de um propósito único que é a definição da maneira de agir do ser humano - único ser vivo capaz de demonstrar tais comportamentos dentro da visão ética - e de se relacionar com o meio em que vive.

Diferentemente da moral, mas estreitamente relacionada ao termo, é através da ética que a pessoa é levada ao seu momento de introspecção. Isto é, ele se volta para o seu próprio íntimo fazendo um autoexame de consciência e avaliando os reflexos de suas atitudes e comportamentos perante a sociedade que o circunda; afinal, a atitude ética é necessária em qualquer segmento, seja na vida profissional ou pessoal.

Ao longo dos anos, a sociedade de um modo geral vem passando por transformações comportamentais que consequentemente influenciaram as empresas a passarem por processos de mudanças em relação à sua atuação e os impactos gerados por elas. Tais mudanças são fundamentais para que essas organizações sobrevivam em um mercado globalizado, como o atual, isto é, se realmente estas companhias estiverem de fato dispostas a se tornarem competitivas e sobreviverem.

Já não existe espaço para as empresas que não se engajam no que diz respeito à sustentabilidade e à responsabilidade socioambiental, pois os consumidores estão mais exigentes e conscientes do papel das organizações nestas questões, o que gera certa pressão para que elas atuem de maneira sustentável.

Então, o "agir correto" deixou de ser tratado apenas como mais um "artigo de perfumaria"; é um tema que agora está inserido em planos estratégicos empresariais e em alguns casos faz parte até mesmo das metas a serem atingidas pelas equipes de trabalho. É dever de todos nas instituições manter a boa imagem da organização perante a sociedade através da boa conduta de seus funcionários, tanto com os clientes internos quanto externos.

É neste cenário de mudanças que o papel da área de Recursos Humanos tem sido de fundamental importância. Desmistificar o assunto e disseminar a importância da ética - adotando-a muitas das vezes como um valor institucional - que está relacionada a ações e bons comportamentos de todos os funcionários da organização. Além de alinhar todos os níveis hierárquicos, convidando-os a participarem democraticamente da elaboração e implantação de um código de conduta interno, são formas de comprometer e envolver a organização como um todo, para juntos caminharem em consonância com os ideais, valores e missão da empresa.

Cabe, neste caso, à área de Recursos Humanos o papel de mediador dessas questões. É o RH que possui as ferramentas para o envolvimento das pessoas, convocando-as e incentivando-as a se comprometerem com o processo de implementação de uma nova cultura organizacional.

Neste novo cenário o RH ganha uma posição de destaque, pois agora assume um papel mais estratégico nas organizações, funcionando como uma espécie de elo de ligação entre as áreas. Dessa forma, o departamento atua verdadeiramente como agente ativo nos processos que envolvam as pessoas e deixando de lado aquela visão antiga de RH operacional, na qual o setor era visto apenas como um gerador de custos e sinônimo de demissões.

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