sábado, 12 de dezembro de 2009

Ética - uma tentativa de definição
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando ou julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.

Qual a importância da ética no dia-a-dia do RH?
por Camila Micheletti

Sem dúvida, a ética é um atributo fundamental para o RH, como em todas as outras profissões. A intenção desta enquete é saber o que pensam os gestores de RH sobre esse assunto, que apesar de ser tão fundamental anda muito em falta atualmente no meio empresarial. Fizemos a pergunta acima para consultores e gestores de RH de empresas. Confira as respostas:

"É primordial que tenhamos ética no RH. No dia-a-dia conhecemos as pessoas no seu íntimo: entrevistamos, contratamos, promovemos, demitimos, reorientamos carreiras, avaliamos performance, etc., etc. Sabemos da vida anterior e todas as experiências profissionais, acompanhamos a rotina do trabalho e conhecemos os possíveis futuros passos de cada um dos empregados. Recebemos os jovens que estão no início da carreira profissional, em seu primeiro emprego aprenderão o modelo por nós apresentado e valorizado. Com todos estes conhecimentos e informações a respeito dos empregados, imagine se não mantivermos a ética no seu mais alto grau? Ética deve ser um valor e não uma competência dos profissionais de Recursos Humanos".

Viviane Marrese, Coordenadora de Trainees e Estagiários da Rhodia Brasil.

"Em uma empresa de comunicação a questão Ética é a palavra de ordem e deve estar presente em todos os movimentos da empresa. No caso específico da Abril é preciso que o funcionário, independente de sua formação, posição ou área em que atue, tenha muita clareza da importância da ética por ser esse um dos valores mais importantes da Organização.
Nosso Vice-Presidente Executivo, Thomaz Souto Correa, em uma de suas aulas magistrais aos recém-chegados alunos do XX Curso Abril de Jornalismo, comentou o seguinte: "Fazemos boas revistas porque buscamos qualidade editorial, o que exige técnica, talento, sensibilidade, pesquisa, imaginação, coragem e, acima de tudo, compromisso com o leitor. Ele é o nosso verdadeiro patrão. A credibilidade deve ser construída a cada edição. É conquistada com dificuldade e pode ser perdida facilmente. É fundamental reconhecer e corrigir erros. Isso reforça a confiança que o leitor deposita em nós. Nosso compromisso supera as fronteiras editoriais. Nossa postura ética extrapola o editorial".
Portanto, esse é o nosso maior bem - ser ético e íntegro. Quando o funcionário chega na empresa reforçamos esse valor já na sua integração. É o princípio de tudo para que a empresa continue sendo o que é e tendo a credibilidade que tem.

Malu Sanches, Gerente de Recursos Humanos da Editora Abril

"Trabalho como HeadHunter e o segredo do sucesso do meu trabalho, principalmente em relação aos candidatos, é a ética e logicamente o total e absoluto sigilo de dados e informações. Colaborar com a estratégia das empresas também requer ética e profissionalismo".

Monica Zamijovsky, headhunter da consultoria de RH ZagWork

"A Ética, que é a ciência do dever e do ser humano, em oposição às leis físicas, tem uma regra básica: é o conjunto das condutas que permite a todos atingirem os seus verdadeiros fins. Da mesma forma que a verdade, não é possível viver sem respeitar os princípios éticos. Mesmo entre as piores quadrilhas existem regras éticas que são mantidas com rigor extremo. Com a verdade acontece a mesma coisa: basta imaginar um mundo em que todos mentem...
No trabalho, assim que percebemos em um profissional sinais de um comportamento inadequado, mesmo expressões que apenas indiquem estefato, inevitavelmente nos afastamos do mesmo. É preciso muito cuidado com brincadeiras ou “sacadas” de humor, pois às vezes são sinais de perigo para um relacionamento de amizade e, mais que isso, de trabalho.
Não vamos confundir preconceito com ética: vivemos em mundo tão complicado que, além de sermos éticos, temos que mostrar uma conduta correta. Todos precisam atingir seus fins, temos queter cuidado com uma ação que possa interfirir nos objetivos de carreira de outra pessoa e de resultados para a empresa. E ela, a empresa, tem que ser a primeira a deixar claras as regras de um comportamento correto".

Valores E Ética Para Organizações
por : lizholmes
Autor : S.K.CHAKRABORTY

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Este resumo foi traduzido de VALUES AND ETHICS FOR ORGANISATIONS
Neste mundo, animais e pássaros vivem conosco como seres viventes. Mas nós somos diferentes dos outros seres. Nós somos chamados
seres humanos. Até hoje, muitos de nós não tem idéia do que sejam valores humanos. O professor Chakraborty explicou distintamente neste livro o que são valores humanos e também desvalores. O livro explica como a sociedade está enfrentando um grande desafio para manter seu equilíbrio, enquanto os desvalores estão longe de traçar os valores humanos nesta era de liberalização e globalização. Dificilmente alguém espera considerar a necessidade de se ajustar aos valores humanos. Além de fortalecer entendimento e também facilitar a aplicação, o livro contém ilustrações do mundo dos profetas. Em uma linguagem simples o livro explica o que é ego e como ele retarda o desenvolvimento humano. Isso leva à inquietação em todo lugar. Através de estudos de caso o livro alia a teoria à prática dos valores humanos. O livro também contém respostas de estudantes e também de empresários sobre valores humanos e ética. Através do título do livro - Valores e Ética para Organizações - , ainda se torna uma peça incrível para aplicar na vida pessoal ou familiar como organozação. O último caso - de Michiko Ganga de 17 anos - é uma obra-prima para todos os bons empresários que estão competindo no mundo atual por vantagens em suas organizações.

Ética nas Organizações

Organizações constroem sua própria moral.

O conceito de responsabilidade social, entendido como compromisso de retribuir como bem-estar social ao uso dos recursos sociais e naturais, articula-se no modelo teórico referencial de Business Ethics na dimensão da ética de responsabilidade, entendida como a preocupação com as conseqüências de seus atos sobre os seres humanos, numa visão integrada de dimensões econômicas, ambientais e sociais que se relacionam e se definem. As outras dimensões da BE, a ética afirmativa do princípio de humanidade e a ética geradora de moral convencional permitem, por causa das demandas sociais e no sentido estratégico de definir o caráter da organização frente às condições do ambiente em que atua, que a organização escolha os conjuntos de princípios, valores e regras de comportamento moral – as atuações éticas possíveis – que resultam adequados para seus propósitos.

Esses conjuntos de princípios, valores e regras de comportamento moral respondem à necessidade social de regular e orientar as relações humanas de um determinado grupo social numa determinada direção. A realidade moral varia historicamente e, com ela, variam as práticas, princípios, valores e regras em vigor em determinado contexto histórico-cultural. Isso porque a vida moral compõe a dinâmica história humana de autocriação, no sentido de definir princípios de conduta, valores de bem e mal, permitido e proibido, recomendável e reprovável – relacionados com os valores individuais –, e regras de comportamento moral, entendido como consciente, responsável, baseado na liberdade de escolha e guiado pela vontade e pela razão. Assim, as pessoas são capazes tanto de interiorizar e legitimar valores, normas e princípios, como de criar novos. Assim ocorre com o indivíduo na organização, e com a organização no ambiente, todos inseridos num processo dinâmico de influência recíproca entre a cultura e os hábitos individuais, de um lado, e de outro os princípios, valores, regras de comportamento morais.

Esses princípios, normas ou valores de uma determinada moral, digamos a moral de uma organização, não precisam ter o rigor, a coerência e a fundamentação das proposições científicas, então vale lembrar que a ética, a ciência da moral, aborda cientificamente questões fundamentais como as relações entre responsabilidade, liberdade e necessidade, e as relações entre a estrutura social e seu código moral. Assim, a ética está relacionada à vida em sociedade, e, como cada cultura e sociedade instituem uma moral, a ética não formula juízos de valor sobre práticas morais em nome de uma moral absoluta e universal, mas explica a razão de ser da pluralidade e das mudanças. Desse modo, pode contribuir apenas de forma especulativa, para fundamentar ou justificar certa forma de comportamento moral, ao buscar concordância com determinados princípios filosóficos universais de uma moral cosmopolita, aqueles nos quais buscamos eliminar a agressão na relação com o outro, ao mesmo tempo em que procuramos manter a fidelidade a nós mesmos, a coerência de nossa vida e a inteireza de nosso caráter.

Entendida desse modo, a ética ilumina decisões organizacionais estratégicas para servir ao ideal da construção de práticas organizadoras corretas, para dar exemplo e testemunho de retidão, e tentar contribuir para uma sociedade sustentável, com práticas como ouvir os stakeholders (idealmente todo o planeta) e integrá-los ao processo de decisão, além de definir e mostrar (transparência) os critérios e valores que formam o caráter da organização, formando o hábito da atuação ética pela repetição das ações e decisões como expressão do caráter dos indivíduos no contexto organizacional.

Nesse sentido, as organizações têm, além da dimensão política da cidadania corporativa da responsabilidade social, uma dimensão ética de afirmação de seus valores na cultura, transformando esses valores em práticas. Entre as opções de atuações éticas possíveis, a organização tem a liberdade de escolher as que projetem sua imagem e que atendem à demanda do seu papel social. É para disseminar na cultura essa moral escolhida que as organizações constroem o ethos corporativo começando por si mesmas e tentando influenciar as condições do ambiente. Conforme essas condições do ambiente em que atuam, e sempre em tensão com elas e limitadas pelo que as circunstâncias permitem, as organizações têm a liberdade, vista como possibilidade objetiva, de escolher e tornar possível o conjunto de valores e as regras de comportamentos alternativos que resultam adequados para seus propósitos, ou seja, cada organização pode construir sua própria moral.
As questões éticas básicas devem
fazer parte do cálculo para a solução
dos problemas enfrentados no
cotidiano gerencial de uma
organização, pois quem decide faz
escolhas entre diferentes cursos de
ação e deflagra conseqüências
MOTIVAÇÕES PARA O INTERESSE EM ÉTICA ORGANIZACIONAL
Ultimamente, o interesse ou a preocupação com a ética
empresarial e de seus dirigentes e empregados, tem crescido,
sendo alvo da mídia e da literatura sobre administração.
Já se encontram, nos jornais, anúncios selecionando
supervisores ou consultores éticos, sinal de que a empresa
está incluindo a preocupação com a ética formalmente em
sua estrutura organizacional.
Possivelmente o domínio do movimento positivista
durante a metade do século passado e início do século XX,
convencendo a todos que os saberes científicos e técnicos
A pesquisa deste best-seller demonstra que uma abordagem
inteligente acerca de organizações deve abarcar, obrigatoriamente,
como interdependentes pelo menos sete variáveis:
• a estrutura;
• a estratégia;
• as pessoas (a equipe);
• o estilo de direção;
• os sistemas e os procedimentos;
• os conceitos que servem como guias para as ações;
• os valores compartilhados no bojo da cultura
organizacional;
deveriam se ater, ao que chamou
seu fundador Augusto Comte, de
“regime dos fatos”, relegando a
um segundo plano os valores, tenha
determinado a ausência destes,
na teoria empresarial clássica.
Isto, segundo alguns autores, poderia
explicar porque resolver
problemas éticos em administração
apresenta-se como uma questão
tão complexa6,11.
No entanto, o best-seller de autoria
de Peters e Waterman15, In
Search of Excellence, através de uma pesquisa junto a empresas
norte-americanas bem sucedidas, desfaz este mito ou tradição,
mostrando que, tudo que os administradores vinham
desprezando como intratável, irracional, intuitivo e aspectos
informais da organização, pode ser manejado na busca
da excelência. As abordagens quantitativas e racionalistas da
administração resultam incapazes de explicitar o que as companhias,
tidas como excelentes, aprenderam, pois, é provável
que elas tenham alcançado a excelência devido a atributos
culturais que as distinguem das concorrentes no mesmo
ramo de negócios15.
• as forças e as habilidades, presentes
e esperadas, da corporação.
Estas variáveis formam o que
foi chamado 7-S** Framework (Figura
1), numa tentativa de torná-las
de mais fácil explicação, compreensão
e incorporação pelos dirigentes15.
Os atributos que emergem
como os mais característicos da excelência,
nesta pesquisa são:
• preferência para a ação;
• proximidade do consumidor;
• autonomia e espírito empreendedor;
• produtividade através das pessoas;
• orientação pelos valores;
• circunscrição ao negócio que a organização conhece
melhor;
• forma simples e staff enxuto;
• clima, no qual há dedicação para os valores centrais
da companhia, combinado com a tolerância para
com os empregados que os aceitam

A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

A essencialidade das organizações na vida pessoas leva
alguns expertos a considerarem que os tempos atuais configuram
uma “época managerial” e a sociedade hodierna conforma
uma “sociedade de organizações”, cujo paradigma é a
empresa. Esta concepção ganha tal força que a transformação
das organizações, com a empresa desempenhando um
papel de exemplo ou modelo, é vista como o caminho para
a melhoria da humanidade. A empresa é compreendida
como um motor para a renovação social e todas as organizações
e os que nelas trabalham devem buscar aprender da
ética empresarial o modo de atuação exigido a fim de que
possam sobreviver, crescer e superar-se, evitando os defeitos
anteriores e propondo valores adequados a esta reconstituição
proposta5. Disto também decorre o uso indistinto dos
termos ética organizacional ou nas organizações; ética empresarial
ou nas empresas e ética nos negócios. No Brasil,
registra-se uma preferência pelo uso das expressões ética nas
organizações ou organizacional e ética nos negócios, provavelmente
pela mencionada influência do idioma inglês que
utiliza business ethics e organizational ethics.
Cabe ressaltar que embora no presente trabalho a reflexão
restrinja-se ao âmbito organizacional, não se desconhece
o fato de que a ética empresarial ocorre no contexto da ética
social e que também tem peso a ética pessoal de cada membro
da organização. Pode-se dizer que a ética organizacional
representa a confluência de uma mobilização de cidadania e
de uma opção da consciência individual. Desde suas origens
na Antiga Grécia a ética convida a forjar-se um bom caráter
que leve a boas escolhas. O caráter que uma pessoa tem é
decisivo para sua vida, pois, ainda que os fatores externos
condicionem em um sentido ou outro o caráter, se a pessoa o
assumir, é o centro último da decisão, pois a ética é uma prá-
A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES *
INTRODUÇÃO
tica irrenunciavelmente individual, intransferível e íntima.
Porém, é oportuno lembrar que as organizações com seus
valores influenciam neste processo decisório podendo facilitar
as boas escolhas ou torná-las um ato heróico de quem assim
queira agir, pois a ética pessoal assinala que existem situações
nas quais é necessário confrontar o grupo ou a comunidade
a que se pertence e atuar de maneira determinada sem
importar-se com os interesses afetados. Portanto pode-se dizer
que o primeiro sentido da ética é um saber que pretende
orientar as pessoas na forja do caráter5,16,18.
A ética social, que acompanha a experiência do
pluralismo religioso, político e moral reconhecido como o
ideal de sociabilidade, consiste em um denominador comum
compartido pela sociedade em meio a esta diversidade. Compreende
a fecundidade da convivência de concepções distintas
e defende que cada qual tem direito de tentar levar a
cabo seu projeto de felicidade sempre que isto não impossibilite
aos demais também o concretizarem. Ela parte da convicção
de que cada membro da sociedade é um cidadão capaz
de tomar decisões como um sujeito ético autônomo.
Assim, um dos primeiros valores que compõem a ética social
é o da autonomia ética com seu correspondente político, a
cidadania. A estes junta-se a igualdade, entendida como a
consecução de iguais oportunidades para todos desenvolverem
suas capacidades, corrigidas as desigualdades naturais e
sociais e eliminada a dominação de uns pelos outros já que
todos são iguais enquanto autônomos e capacitados para a
cidadania. Estes valores da ética social servem de guia para
as ações, mas para que eles sejam encarnados na vida das
pessoas e das instituições é necessário concretizá-los e os direitos
humanos,

Ética nas organizações modernas

Pedro de Souza Filho

Nestes tempos de globalização e reestruturação competitiva, as empresas que se preocupam com a ética e conseguem converter suas preocupações em práticas efetivas, mostram-se mais capazes de competir com o sucesso e conseguem obter não apenas a satisfação e a motivação dos seus profissionais, mas também resultados compensadores em seus negócios.

Ética, enquanto filosofia e consciência moral, é essencial à vida em todos os seus aspectos, seja pessoal, familiar, social ou profissional. Assim, enquanto profissionais e pessoas, dependendo de como nos comportamos, por exemplo, em nossas relações de trabalho, podemos estar colocando seriamente em risco nossa reputação, nossa empresa e o sucesso em nossos negócios.

A sobrevivência e a evolução das empresas e de seus negócios, portanto, estão associadas cada vez mais à sua capacidade de adotar e aperfeiçoar condutas marcadas pela seriedade, humildade, justiça e pela preservação da integridade e dos direitos das pessoas.

O que é ética?

Numa definição bem geral, como disciplina ou campo de conhecimento humano, ética se refere à teoria ou aos estudos sistemáticos sobre a prática moral. Dessa forma, ela analisa e critica os fundamentos e os princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens em sociedade.

Para Marilena Chauí é "a educação de nosso caráter, temperamento ou vontade pela razão, em busca de uma vida justa, bela e feliz, que estamos destinados por natureza". Traduzindo: o processo consciente ou intuitivo que nos ajuda a escolher entre vícios e virtudes, entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto. É a predisposição habitual e firme, fundamentada na inteligência e na vontade, de fazer o bem.

Ser ético, portanto, é buscar sempre o bem, combater vícios e fraquezas, cultivar virtudes, proteger e preservar a vida e a natureza.

Também abrange toda reflexão que fazemos sobre o nosso agir e sobre o sentido ou missão de nossa vida, bem como sobre os valores e os princípios que inspiram e orientam nossa conduta, buscando a verdade, a prática de virtudes e a felicidade.

Não devemos confundir ética e moral. A ética não cria a moral nem estabelece seus princípios, normas ou regras. Ela já encontra, numa dada sociedade ou grupo, a realidade moral vigente e parte dessa realidade para entender suas origens, a sua essência, as condições objetivas e subjetivas dos atos morais e os critérios ou parâmetros que justificam os juízos e os princípios que regem as mudanças e sucessão de diferentes sistemas morais.

A ética também estuda e trata a responsabilidade do comportamento moral. A decisão de agir numa dada situação concreta é um problema prático moral; investigar se a pessoa pôde ou não escolher e agir de acordo com a decisão que tomou é um problema teórico - ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total e vem de fora para dentro (normas de conduta pré-estabelecidas às quais devemos nos ajustar) não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, portanto, para a ética.

Ganhos e benefícios

* Possibilidades de construir uma cultura ética profissional e empresarial verdadeira e apropriada aos novos tempos;
* Harmonia e equilíbrio dos interesses individuais e institucionais;
* Satisfação e motivação dos colaboradores e melhoria da sua qualidade de vida integral;
* Fortalecimento das relações da empresa com todos os agentes envolvidos direta ou indiretamente com as suas atividades;
* Melhoria da imagem e da credibilidade da empresa e de seus negócios;
* Melhoria da qualidade, resultados e realizações empresariais.

Ética empresarial: esperança em meio à crise

Ética empresarial: esperança em meio à crise

Bruno Gomes

A atividade econômica é uma prática social e não uma ação realizada por indivíduos isolados. Por isso, a cultura empresarial deve ser social, reconhecendo o lugar das pessoas na empresa, aceitando a ideia de ética e tendo valores partilhados. As organizações não desempenham somente uma função comercial ou financeira, mas também uma função ética. Isso é admitido pelos empresários competitivos que têm bom senso e que buscam estratégias sustentáveis de desenvolvimento.

A palavra "ética" vem do grego ethos e significa costume, índole; sendo a parte da filosofia onde se reflete sobre os princípios que fundamentam a vida moral. Ou seja, ela analisa as escolhas feitas pelos agentes em situações reais, observando se as decisões estão de acordo com os padrões sociais. A ética, contudo, não busca meramente o conhecimento da verdade, mas também a sua aplicação.

A Administração assimilou os princípios éticos gradualmente. Ética empresarial é um conceito recente e significa o estudo da aplicação das normas morais pessoais aos objetivos e às atividades da empresa. Em síntese, é o estudo de como o contexto organizacional apresenta problemas morais à pessoa que atua como administrador.

No mercado atual os gestores percebem os elevados custos advindos de escândalos nas organizações e, por isso, compreendem que altos padrões de conduta configuram-se em um ativo tão importante quanto o ponto comercial ou a clientela, por exemplo. Surge uma nova definição de boa empresa: aquela que possui lucro e oferece um ambiente moralmente gratificante, onde as pessoas desenvolvem tanto seus conhecimentos especializados quanto suas virtudes.

Assim, a ética empresarial pode trazer muitos benefícios para a companhia, como a fidelidade de seus clientes, fornecedores e funcionários. Os ganhos no marketing também são significativos. Mas é um engano achar que a ética possa ser usada como mera vitrine, pois seus resultados não são de curtíssimo prazo. Os benefícios resultam apenas da verdadeira ética, ou seja, da escolha constante do bem.

Além disso, as empresas são redes de interação com diversos participantes, chamados de stakeholders, como as comunidades em que estão localizadas, meio ambiente, clientes, fornecedores, concorrentes e empregados. Tais contrapartes dispõem de poder para retaliar instituições que desrespeitem normas básicas de relacionamento com o público. Diante disso, as organizações assumem cada vez mais responsabilidade social.

A responsabilidade social de uma empresa se refere à cidadania e não é um problema adicional, mas parte das preocupações principais. Em relação ao ambiente externo fala-se em respeito ao meio ambiente, trabalho voluntário, enfim, tudo o que constitui uma empresa cidadã. Por outro lado, considerando-se o público mais próximo, como colaboradores e acionistas, busca-se criar um sistema que garanta o modo ético de operar, que siga a filosofia da organização e os princípios do Direito. Exemplo disso é o respeito aos portadores de necessidades especiais e às diferenças de etnias, gêneros, orientação sexual, religião etc.

É verdade que ainda existem pessoas para as quais o ambiente empresarial é um mundo selvagem onde não há espaço para a ética. Tal pensamento, porém, é limitado e não se sustenta no longo prazo. A crise econômica mundial surgida no final de 2008 coloca em evidência as consequências nefastas da falta da ética nos negócios. Essa turbulência financeira não foi provocada por guerras, nem por problemas nas safras agrícolas, mas sim por problemas no campo ético.

Verificaram-se flagrantes da falta de ética empresarial nesse episódio, como gestores de investimento agindo de modo temerário com o dinheiro dos investidores, aplicando-o em produtos financeiros inadequados, com a anuência das agências de rating, as quais eram pagas pelas empresas a serem avaliadas. A esperança neste início de ano é que tais fatos intensifiquem a demanda por uma liderança mais ética, com foco na sustentabilidade e na responsabilidade social.

Afinal, a reflexão ética permite a legitimação das decisões e a credibilidade de uma instituição reflete a prática de valores como honestidade, integridade, qualidade do produto, transparência, respeito ao consumidor, eficácia, entre outros. E o apoio dos administradores é fundamental para a formação da cultura organizacional que influencie o comportamento ético na empresa.

O PAPEL DA ÉTICA NO RH DAS ORGANIZAÇÕES

O papel da ética no RH das organizações

Marcelo Ribeiro Rocha

Muito se tem falado sobre ética atualmente. Parece-me que o assunto é quase uma novidade no mercado; e o pensamento de uma grande maioria é de que se trata apenas de mais um "modismo", uma onda passageira que arrastaria as organizações para um processo de revisão de seus procedimentos internos e externos nos âmbitos social, cultural, de convívio com clientes, fornecedores e acionistas diante de uma crise mundial ora instaurada.

Mero engano. O tema que a princípio parece ser recente e superficial em alguns círculos é mais antigo e profundo do que se imagina. Se levarmos em consideração a origem do termo, "ética" representa mais que a essência do como devemos agir para atingir um objetivo ou uma meta, ou melhor, dentro de quais princípios devemos nortear nossas decisões.

A incansável busca do homem para conseguir sua realização, o seu equilíbrio psicofísico, enfim, ter uma vida virtuosa, vai de encontro a esses conceitos de caráter ético debatidos exaustivamente por grandes filósofos, desde os tempos de Sócrates, há cerca de 400 a.C.. A partir de então, foram surgindo novas correntes filosóficas sobre a ética, porém, sempre dentro de um propósito único que é a definição da maneira de agir do ser humano - único ser vivo capaz de demonstrar tais comportamentos dentro da visão ética - e de se relacionar com o meio em que vive.

Diferentemente da moral, mas estreitamente relacionada ao termo, é através da ética que a pessoa é levada ao seu momento de introspecção. Isto é, ele se volta para o seu próprio íntimo fazendo um autoexame de consciência e avaliando os reflexos de suas atitudes e comportamentos perante a sociedade que o circunda; afinal, a atitude ética é necessária em qualquer segmento, seja na vida profissional ou pessoal.

Ao longo dos anos, a sociedade de um modo geral vem passando por transformações comportamentais que consequentemente influenciaram as empresas a passarem por processos de mudanças em relação à sua atuação e os impactos gerados por elas. Tais mudanças são fundamentais para que essas organizações sobrevivam em um mercado globalizado, como o atual, isto é, se realmente estas companhias estiverem de fato dispostas a se tornarem competitivas e sobreviverem.

Já não existe espaço para as empresas que não se engajam no que diz respeito à sustentabilidade e à responsabilidade socioambiental, pois os consumidores estão mais exigentes e conscientes do papel das organizações nestas questões, o que gera certa pressão para que elas atuem de maneira sustentável.

Então, o "agir correto" deixou de ser tratado apenas como mais um "artigo de perfumaria"; é um tema que agora está inserido em planos estratégicos empresariais e em alguns casos faz parte até mesmo das metas a serem atingidas pelas equipes de trabalho. É dever de todos nas instituições manter a boa imagem da organização perante a sociedade através da boa conduta de seus funcionários, tanto com os clientes internos quanto externos.

É neste cenário de mudanças que o papel da área de Recursos Humanos tem sido de fundamental importância. Desmistificar o assunto e disseminar a importância da ética - adotando-a muitas das vezes como um valor institucional - que está relacionada a ações e bons comportamentos de todos os funcionários da organização. Além de alinhar todos os níveis hierárquicos, convidando-os a participarem democraticamente da elaboração e implantação de um código de conduta interno, são formas de comprometer e envolver a organização como um todo, para juntos caminharem em consonância com os ideais, valores e missão da empresa.

Cabe, neste caso, à área de Recursos Humanos o papel de mediador dessas questões. É o RH que possui as ferramentas para o envolvimento das pessoas, convocando-as e incentivando-as a se comprometerem com o processo de implementação de uma nova cultura organizacional.

Neste novo cenário o RH ganha uma posição de destaque, pois agora assume um papel mais estratégico nas organizações, funcionando como uma espécie de elo de ligação entre as áreas. Dessa forma, o departamento atua verdadeiramente como agente ativo nos processos que envolvam as pessoas e deixando de lado aquela visão antiga de RH operacional, na qual o setor era visto apenas como um gerador de custos e sinônimo de demissões.